Geely aposta no etanol brasileiro e se prepara para produzir veículos híbridos no país
Em parceria com a Renault, montadora chinesa planeja usar estrutura no Paraná para fabricar modelos de baixa emissão
247 - Após anos resistindo a alternativas ao carro elétrico puro, a montadora chinesa Geely dá os primeiros passos em direção ao etanol brasileiro. A vice-presidente sênior do grupo, Wang Ruiping, confirmou que a Horse Powertrain — joint venture de motores criada com a Renault — já está desenvolvendo tecnologia voltada ao uso do etanol no Brasil. A declaração foi feita durante visita de jornalistas à sede da Geely em Hangzhou, na China, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo.
“Estamos trabalhando com etanol no Brasil”, afirmou Wang. E, ao saber que conversava com um repórter brasileiro, completou com entusiasmo: “Vocês vão ver”.
Dias depois, Geely e Renault anunciaram um aprofundamento da parceria estratégica, com um acordo acionário que, se aprovado por autoridades reguladoras, permitirá à chinesa produzir e vender veículos de emissão zero ou baixa no Brasil. O plano inclui a utilização da estrutura da Renault em São José dos Pinhais (PR), onde a Horse já possui linha de montagem.
Na divisão Aurobay, braço da Horse comandado por Wang, a aposta está em motores híbridos compactos e eficientes, que combinam transmissão elétrica com um pequeno motor a combustão. Segundo ela, o desenvolvimento considera o uso de diferentes fontes de energia, entre elas etanol e metanol. O objetivo é que a tecnologia sirva não apenas à própria Geely e à Renault, mas também a outras montadoras globais que desejem acelerar a transição energética sem manter investimentos em motores próprios.
O conceito de motorização híbrida foi apresentado como protótipo na última edição da feira de automóveis de Xangai, com um foco especial em atender mercados como a América do Sul e a própria China. Uma das aplicações previstas é como extensor de autonomia para veículos elétricos — solução que amplia a distância percorrida com menor dependência de recarga.
O CEO da Horse, o brasileiro Matias Giannini, explicou essa lógica em entrevista à Fortune: “Se pegarmos um carro elétrico e instalarmos um extensor de autonomia pequeno e eficiente, movido a etanol, é o melhor dos mundos. Você reduz o tamanho da bateria e o custo do carro e ainda assim ele é quase 100% energia limpa.”
A nova motorização já atrai interessados. A startup brasileira Lecar, inicialmente voltada à produção de elétricos puros, pretende lançar um híbrido com tecnologia Horse a partir de 2026, em fábrica no Espírito Santo.
Além do etanol, a Horse também trabalha com combustíveis como metanol, gás, gasolina e opções sintéticas. No ano passado, a petrolífera Saudi Aramco adquiriu 10% da joint venture, que agora tem participação dividida entre Geely e Renault (45% cada) e a companhia saudita (10%).
No acordo preliminar para o Brasil, Geely se torna sócia minoritária da Renault do Brasil, o que abre caminho para a fabricação de veículos próprios no país e uso da rede de concessionárias da parceira. A iniciativa foi celebrada pelo presidente da Geely, Eric Li, que destacou que a nova etapa da cooperação “faz parte do compromisso de trabalhar com parceiros globais para transformar a indústria em uma direção sustentável”.
Durante a visita à China, jornalistas também acompanharam em Changxing, cidade próxima a Hangzhou, a montagem de modelos Smart, fruto de outra joint venture da Geely, desta vez com a Mercedes-Benz. Os carros, disponíveis em versões a combustão e elétrica, estão entre os modelos cotados para chegar ao mercado brasileiro.
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