HOME > Economia

Fortuna dos 1% mais ricos poderia eliminar a pobreza por 22 anos, diz Oxfam

ONG aponta que riqueza acumulada desde 2015 supera em oito vezes os ganhos públicos e denuncia cortes em ajuda internacional

(Foto: Agência Brasil)
Paulo Emilio avatar
Conteúdo postado por:

247 - Um novo relatório da Oxfam Internacional, divulgado nesta quinta-feira (26), denuncia que a concentração extrema de riqueza nas mãos de uma minoria global está comprometendo a erradicação da pobreza e agravando desigualdades. Segundo a entidade, a fortuna acumulada desde 2015 pelo 1% mais rico da população mundial seria suficiente para acabar com a pobreza anual no planeta por 22 anos consecutivos. A informação, segundo a agência Lusa, foi publicada no documento "Do lucro privado ao poder público: financiar o desenvolvimento, não a oligarquia", lançado às vésperas da Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, que acontece em Sevilha, no sul da Espanha.

De acordo com a ONG, desde que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram acordados em 2015, os super-ricos acumularam US$ 33,9 bilhões (cerca de € 29 bilhões) em termos reais. O estudo mostra que o crescimento da riqueza privada foi “astronômico” entre 1995 e 2023, totalizando US$ 342 bilhões (€ 296,4 bilhões), cifra oito vezes maior que o avanço da riqueza pública no mesmo período.

A Oxfam também aponta que os países mais ricos do mundo vêm reduzindo os repasses de ajuda internacional, o que agrava ainda mais a desigualdade global. “A riqueza de apenas três mil multimilionários aumentou US$ 6,5 bilhões (€ 5,63 bilhões) em termos reais desde 2015 e representa agora o equivalente a 14,6% do PIB mundial”, afirma a organização no relatório.

Ainda de acordo com a reportagem, o levantamento ressalta que os países do G7, responsáveis por aproximadamente 75% da ajuda oficial internacional, pretendem cortar esse apoio em 28% até 2026, em comparação com 2024. Paralelamente, a crise da dívida afeta duramente as nações mais pobres, que, segundo o documento, estão “pagando muito mais aos seus credores ricos do que podem gastar em salas de aula ou hospitais”.

Outro ponto crítico abordado pela Oxfam é o papel dos credores privados, que concentram mais da metade da dívida dos países de baixa e média renda. Segundo a ONG, a recusa desses credores em negociar, aliada a cláusulas consideradas punitivas, agrava o sufocamento econômico dessas nações.

Diante desse cenário, a organização faz um apelo urgente para que os governos adotem uma “mudança radical” no modelo atual de financiamento do desenvolvimento. Entre as propostas defendidas estão o fortalecimento de parcerias estratégicas contra a desigualdade, a rejeição ao financiamento privado como solução universal, a tributação dos super-ricos, a reforma da arquitetura da dívida e a revitalização da ajuda internacional.

A pesquisa utilizada no relatório foi conduzida pela empresa de estudos de mercado Dynata entre maio e junho de 2025 em 13 países — Brasil, Canadá, França, Alemanha, Quênia, Itália, Índia, México, Filipinas, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos — que juntos representam cerca de metade da população mundial.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...