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Fabiano Santos prepara carta de renúncia à presidência dos Correios

Sob pressão da Casa Civil para executar plano de reestruturação com fechamento de agências e demissões, dirigente da estatal decide entregar o cargo a Lula

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, elaborou uma carta em que coloca seu cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diante do aumento da pressão por parte da Casa Civil para a execução de um plano de reestruturação da estatal. A informação foi publicada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Fabiano, que está à frente da empresa desde 2023 e tem mandato até agosto, relatou a diretores da estatal que a exigência da Casa Civil inclui o fechamento de agências em todo o país, com o objetivo de gerar uma economia de cerca de R$ 1 bilhão. A proposta se soma aos R$ 800 milhões estimados com o Plano de Demissão Voluntária (PDV), que prevê o desligamento de aproximadamente 4 mil funcionários. Com o fechamento de unidades, o número de demissões pode chegar a 10 mil.

Resistência a cortes e missão social da estatal

Fabiano resiste à ideia de demissões em larga escala, especialmente num momento em que os Correios ampliam sua atuação em comunidades historicamente desassistidas. Apenas no Rio de Janeiro, mais de 50 favelas foram contempladas com novas agências nos últimos meses. Segundo ele, as mudanças propostas ferem o papel social da estatal e comprometem seu compromisso com a inclusão.

Em reuniões internas, o presidente dos Correios afirmou que as medidas colocam em risco os avanços da empresa em regiões periféricas e prejudicam trabalhadores em um momento de difícil recuperação econômica para muitos brasileiros.

Rui Costa nega defesa de demissões

Procurado pela Folha, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou por meio de sua assessoria que “nunca defendeu demissão em massa” na estatal. Em conversas com aliados, ele tem defendido a “racionalização dos gastos” como meta principal, sem entrar em detalhes sobre o impacto social das medidas exigidas.

Apesar das negativas públicas, fontes internas confirmam que a Casa Civil tem pressionado por uma reformulação estrutural com foco em corte de custos e aumento de eficiência. A avaliação no governo é que a situação financeira dos Correios exige uma resposta urgente.

Prejuízo bilionário e cobiça política

Os Correios fecharam 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, que a atual gestão atribui principalmente às mudanças nas regras de importação de produtos internacionais de pequeno valor, popularmente conhecidas como “taxa das blusinhas”. A nova tributação impactou fortemente o fluxo de encomendas internacionais, um dos principais segmentos da estatal nos últimos anos.

Mesmo em crise, a empresa continua sendo alvo de interesse político. Partidos como o União Brasil disputam espaço de influência sobre os Correios, que recentemente conseguiram um empréstimo junto ao Banco do Brics e planejam investir R$ 5 bilhões em modernização e ampliação de seus serviços nos próximos anos.

A possível saída de Fabiano Silva dos Santos reacende a disputa por cargos de comando em empresas públicas e pode abrir espaço para novas indicações políticas, em um momento de negociações delicadas no Palácio do Planalto.

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