Equipe econômica vê risco de inflação com tarifaço de Trump contra produtos brasileiros
A medida do presidente dos EUA já pressiona o câmbio e pode ter impacto inflacionário
247 - O governo brasileiro está avaliando os impactos econômicos provocados pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo. A principal preocupação da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é com a possibilidade de que a medida provoque um novo ciclo de alta inflacionária no país, revertendo a tendência recente de desaceleração dos preços.
Nos últimos quatro meses, o Brasil vinha assistindo à queda dos índices inflacionários, mesmo ainda fora do centro da meta do Banco Central. Esse movimento havia sido impulsionado, em parte, pela valorização do real frente ao dólar. Entre março e abril, por exemplo, a cotação da moeda norte-americana recuou de R$ 5,68 para cerca de R$ 5,40. No entanto, logo após o anúncio de Trump, na quarta-feira (9), o mercado reagiu negativamente. Na quinta-feira (10), o dólar disparou novamente, superando os R$ 5,62 e apagando os ganhos acumulados anteriormente.
Há o risco de que esse novo cenário de instabilidade se estenda por vários meses, o que levaria a uma desvalorização ainda mais acentuada do real. Isso poderia afastar investidores estrangeiros, especialmente os de curto prazo, e afetar o fluxo de capitais para o país. Em consequência, haveria menos dólares circulando na economia, o que tenderia a pressionar ainda mais o câmbio — fator que influencia diretamente nos preços de alimentos, combustíveis e produtos industrializados.
Embora as exportações brasileiras para os Estados Unidos representem cerca de 12% do total vendido pelo país ao exterior — o que limita os efeitos diretos sobre a balança comercial —, os impactos cambiais e inflacionários são vistos como mais preocupantes pelo governo. O presidente Lula acompanha com atenção a situação.
O governo brasileiro, embora reconheça que a perda comercial com os EUA é administrável em termos de volume, vê com apreensão os desdobramentos cambiais e financeiros da medida. A perspectiva de uma disputa comercial prolongada com os EUA adiciona instabilidade à economia e reforça os desafios que o governo Lula terá para manter o controle da inflação e garantir crescimento sustentado.
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