Aporte do BNDES para fundo voltado à IA pode chegar a R$ 1 bilhão, diz Nelson Barbosa
BNDES e Finep anunciam protocolo para atrair data centers e criam base para transformar o Rio em polo tecnológico de inteligência artificial
247 – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anunciaram nesta terça-feira (1º) um conjunto de ações voltadas ao fortalecimento da infraestrutura de inteligência artificial (IA) e ao desenvolvimento de data centers no Brasil. A principal iniciativa foi a assinatura de um protocolo de intenções para posicionar o Rio de Janeiro como um hub nacional de processamento de dados.
O acordo tem como signatários o governo federal, a prefeitura do Rio e a Eletrobras.A informação foi divulgada durante o seminário Governança e Estratégias Públicas em Inteligência Artificial, realizado na sede do BNDES no Rio, em evento paralelo à cúpula do BRICS.
Durante o encontro, o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES, Nelson Barbosa, afirmou que o banco estuda criar um fundo específico para projetos de IA e data centers, com aporte entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, por meio da BNDESPar, braço de participações do banco. “Dos R$ 5 bilhões destinados a fundos, estamos avaliando um fundo voltado para data center e IA com potencial de o BNDES aportar algo entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão”, explicou Barbosa.
Foco em tecnologia nacional e atração de capital privado
O fundo poderá atingir entre R$ 2,5 bilhões e R$ 5 bilhões, se considerados os investimentos privados que poderão ser mobilizados a partir do aporte público. De acordo com Barbosa, o objetivo é financiar todos os elos da cadeia da tecnologia da informação: desde diferentes modelos de data centers, pesquisa em algoritmos, desenvolvimento de aplicativos e soluções em IA até hardwares, incluindo setores como games e indústria criativa.
O executivo destacou ainda que, desde 2023, o BNDES já destinou R$ 1,7 bilhão ao setor de tecnologia, por meio de financiamentos ou participações em fundos. Esse valor contempla:
- R$ 1 bilhão em nove operações com foco em hardware, data centers e produtos de TI;
- R$ 63 milhões em aportes diretos em duas empresas via BNDESPar;
- R$ 700 milhões em sete fundos de participação com foco em empresas com base tecnológica ou que utilizam IA.
Segundo Barbosa, a expectativa é que os R$ 700 milhões em fundos possam alavancar até R$ 2,3 bilhões em capital privado, multiplicando o impacto no ecossistema.
Rio como ponto estratégico de conectividade
O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, celebrou o potencial do memorando para atrair empresas tecnológicas internacionais ao Brasil, posicionando o país com vantagem no mercado global.
“O protocolo é feliz em perceber a questão do financiamento. Ou seja, ele cria um modelo diferenciado entre Finep, BNDES e Eletrobras ao reconhecer a oportunidade que o Rio tem. A cidade passa a ser um centro atrativo de investimentos pela capacidade de conectividade que terá”, afirmou Elias.
O dirigente lembrou que a infraestrutura de cabos submarinos já instalada na cidade, herdada dos Jogos Olímpicos de 2016, é um ativo essencial para suportar a chegada de novos data centers.
Elias também destacou que o protocolo está alinhado com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, lançado pelo governo federal, e reforça o compromisso com uma política nacional de desenvolvimento científico e tecnológico. “[Esse memorando] traz uma iniciativa estratégica de um impacto não só econômico, mas científico e tecnológico muito grande”, concluiu.
Reindustrialização e soberania tecnológica
O movimento do BNDES e da Finep ocorre no contexto da Nova Indústria Brasil, política industrial relançada em 2024 pelo governo Lula, e que prevê reindustrialização com inovação e sustentabilidade. O apoio ao setor de inteligência artificial e infraestrutura de dados reforça a estratégia de posicionar o Brasil como protagonista no cenário tecnológico global, reduzindo dependências e estimulando a criação de soluções nacionais.
Se o plano avançar, o Rio poderá se tornar não apenas um centro de conectividade, mas um verdadeiro eixo estratégico de soberania digital e inovação para a América Latina.
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