Sob pressão, Hugo Motta se reúne com Alcolumbre para articular reação do Congresso ao tarifaço de Trump

247 - Diante das crescentes cobranças por uma posição firme, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), terá uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na tarde desta quinta-feira (10), para tratar de uma resposta institucional ao aumento tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O “tarifaço”, que entrará em vigor a partir de 1º de agosto, eleva para 50% a taxação sobre produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, impactando diretamente setores como o agronegócio.

Segundo a coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, parlamentares próximos a Motta dizem que a expectativa é de que Câmara e Senado publiquem uma nota conjunta repudiando a decisão estadunidense. Ainda assim, o presidente da Câmara resiste a assumir o protagonismo da reação, conforme relatos feitos durante a reunião de líderes realizada nesta quinta.

De acordo com a reportagem, Motta disse que “não preciso me posicionar sobre tudo”, ao ser instado por deputados da base governista a liderar a articulação contra o aumento tarifário. A sugestão para uma resposta institucional partiu do líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), que propôs uma declaração conjunta com o Senado. Motta concordou em avaliar a proposta com Alcolumbre, mas não antecipou o conteúdo do eventual posicionamento público.

Além da nota conjunta, outra possibilidade levantada pelos deputados foi a convocação de uma assembleia geral do Congresso para debater o impacto das novas tarifas. A ideia é que o encontro inclua representantes do Itamaraty e de setores mais atingidos pela medida, como os produtores rurais e industriais voltados à exportação. Esse tipo de sessão tem caráter semelhante a uma audiência pública nas comissões temáticas: permite a escuta de autoridades e especialistas, além de fomentar o debate entre os parlamentares para construção de soluções conjuntas.

Apesar da crescente mobilização, quase um dia inteiro após o anúncio oficial de Trump, Hugo Motta ainda não havia se manifestado publicamente sobre o tema. Na noite da quarta-feira (9), ele esteve no plenário da Câmara, onde ouviu diversas críticas de deputados à postura dos Estados Unidos, mas optou pelo silêncio.