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Lula diz que buscará negociar com EUA, mas adotará reciprocidade em tarifas se conversas falharem

Presidente Lula também disse que o Brasil deve recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) após as tarifas unilaterais impostas por Trump

O presidente Lula em entrevista à Record - 10/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Redação Brasil 247 avatar
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(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à TV Record nesta quinta-feira que seu governo primeiro irá buscar negociar com os Estados Unidos após anúncio pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de imposição de tarifas comerciais de 50% sobre o Brasil, mas alertou que adotará a reciprocidade caso essas conversas não deem frutos.

"Não tenha dúvida que primeiro nós vamos tentar negociar, mas se não tiver negociação, a Lei da Reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% deles", disse Lula na entrevista, de acordo com vídeo publicado na conta do presidente na rede social X.

Lula se referiu à Lei da Reciprocidade aprovada neste ano pelo Congresso Nacional, que permite ao governo adotar medidas comerciais recíprocas quando o país for atingido com tarifas ou outras barreiras.

Lula também disse que o Brasil deve recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas anunciadas por Trump. "Veja, do ponto de vista diplomático, nós temos que recorrer à OMC... Tem toda uma tramitação que a gente pode fazer. Se nada disso der resultado, nós então vamos ter que fazer a Lei da Reciprocidade".

O presidente afirmou na entrevista que Trump precisa respeitar o Brasil e que mostra desconhecimento em relação ao país.

Ao defender a autonomia da Justiça brasileira, Lula afirmou que, se a invasão do Capitólio dos EUA por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2021 tivesse ocorrido no Brasil, o presidente dos EUA teria sido processado e correria o risco de ser preso.

"Se o que o Trump fez no Capitólio ele tivesse feito aqui no Brasil, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro e arriscado a ser preso, porque feriu a democracia, porque feriu a Constituição", disse Lula.

Na carta em que anunciou a imposição de 50% de tarifa sobre o Brasil a partir de 1º de agosto, Trump mencionou decisões judiciais que avalia como injustas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra gigantes norte-americanas do setor de redes sociais.

Lula responsabilizou Bolsonaro pelo anúncio de tarifas feito por Trump, lembrando que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, se licenciou do cargo para ir aos EUA fazer campanha para que o governo Trump adotasse medidas contra autoridades brasileiras.

"O ex-presidente da República deveria assumir a responsabilidade, porque ele está concordando com a taxação do Trump ao Brasil. Aliás, foi o filho dele que foi lá fazer a cabeça do Trump", disse.

À noite, Bolsonaro demonstrou respeito e admiração pelo governo dos EUA, em publicação no X.

"Recebi com senso de responsabilidade a notícia da carta enviada pelo presidente Donald J. Trump ao governo brasileiro, comunicando e justificando o aumento tarifário de produtos brasileiros. Deixo claro meu respeito e admiração pelo governo dos Estados Unidos", disse Bolsonaro na rede social.

Para Bolsonaro, a medida do governo dos EUA "é resultado direto do afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade, o Estado de Direito e os valores que sempre sustentaram nossa relação com o mundo livre".

(Reportagem adicional de Alexandre Caverni)

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