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Acareação com Braga Netto será o momento mais delicado da delação de Cid, avaliam militares

Militares acreditam que o ex-ajudante de ordens pode se desestabilizar por conta da hierarquia

Mauro Cid (Foto: Gustavo Moreno / STF)
Otávio Rosso avatar
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247 - A acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Walter Braga Netto, marcada para a próxima terça-feira (24), promete ser o ponto mais delicado da trajetória do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) desde que passou a colaborar com as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil. As informações são da CNN Brasil.

Cid, que firmou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, terá que reafirmar, presencialmente, diante de um general de quatro estrelas e ex-ministro da Defesa, as acusações feitas em sua delação. Entre elas, a de que Braga Netto teria atuado como elo entre Bolsonaro e grupos que planejavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de ter entregue a Cid uma sacola com dinheiro no Palácio da Alvorada. O valor, segundo o delator, seria destinado a militares envolvidos na trama golpista. Braga Netto nega veementemente as acusações e afirma que Cid mente.

Desta vez, o confronto será presencial. Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Braga Netto — atualmente preso em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro — terá que se deslocar até Brasília para participar da acareação. No interrogatório anterior, realizado no início de junho, o general participou por videoconferência.

A tensão em torno do encontro vai além do conteúdo das declarações. Para militares da ativa e da reserva, a pressão simbólica e institucional sobre Mauro Cid será maior diante da rígida hierarquia militar. Avalia-se que Braga Netto pode se valer dessa dinâmica de comando para tentar desestabilizar o tenente-coronel e enfraquecer o conteúdo de sua delação.

A relação entre os dois remonta à infância de Cid, quando Braga Netto já era amigo próximo do pai do delator, o general Mauro Lourena Cid. Agora, porém, o reencontro ocorre em um ambiente hostil e sob o peso de graves acusações.

Braga Netto foi preso em dezembro de 2024, suspeito de tentar obstruir a investigação ao entrar em contato com familiares de Mauro Cid. Mesmo entre aliados do ex-ajudante de ordens, a avaliação é de que este confronto direto representa o momento mais difícil desde que ele passou a colaborar com a Justiça. Supera, inclusive, episódios como o vazamento de um áudio em março de 2024 — que resultou em sua prisão temporária — e o depoimento direto ao ministro Alexandre de Moraes em novembro do ano passado, quando implicou fortemente o general.

No início de junho, Cid chegou a prestar continência a generais também investigados, como Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, durante um interrogatório de clima considerado ameno. A expectativa, no entanto, é de que a acareação com Braga Netto ocorra em tom muito mais duro, sem espaço para gestos protocolares ou amenidades.

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