'Quem assume o risco da inovação é o Estado', afirma Mercadante
Presidente do BNDES destacou, em evento do Brasil 247, papel do Sul Global e do BRICS no desenvolvimento sustentável e defendeu investimentos estratégicos
247 - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, criticou, nesta quarta-feira (9), no Rio de Janeiro-RJ, a chamada teoria do "Estado mínimo".
Em seu discurso, na abertura do evento "BRICS para um Futuro Sustentável", promovido pelo BNDES e apoiado por Brasil 247 e Guancha, Mercadante afirmou que o modelo neoliberal fracassou na resolução "da questão ambiental e da desigualdade". "É preciso repensar a relação Estado-mercado", acrescentou.
"Não existe inovação sem o Estado, porque inovação é risco", destacou.
Mercadante também afirmou que o Brasil e o Sul Global mais amplamente não podem correr "um risco de sofrerem um neocolonialismo digital", diante do avanço da tecnologia de Inteligência Artificial (IA).
Nesse sentido, ele elogiou a China pela abertura dos códigos de seus programas de IA. "Temos um grande desafio, de também não sermos apenas consumidores, mas produtores de IA, com a ajuda dos códigos abertos da IA", afirmou.
Mercadante também destacou o papel do BNDES no combate às mudanças climáticas e o papel do banco de fomento na reconstrução de regiões afetadas por desastres naturais, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Ele também sublinhou o papel central dos investimentos pesados na transição energética.
Sobre o BRICS, Mercadante classificou o mecanismo como "uma inovação diplomática extraordinária", que se coloca na "vanguarda" da reforma das instituições globais.
Ele defendeu que "os bancos públicos devem ter mais espaço e também serem bancos verdes", e destacou o papel do BNDES no contexto global em mudança. Segundo ele, o BNDES deve explorar as vantagens do Brasil como o "grande provedor de alimentos, e também de vida, no planeta".
Nesse sentido, reafirmou o papel central da Amazônia e fez um chamado pelo fortalecimento do bloco "BIC", composto por Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, para discutir a preservação de suas grandes florestas tropicais de forma estratégica.
"Precisamos de soluções que valorizem nossos ativos", defendeu Mercadante, ao propor uma "certificadora de carbono". Ele defendeu ainda maiores investimentos em combustíveis sustentáveis para navegação e aviação, processo que o Brasil pode liderar.
Contudo, Mercadante ressaltou o impacto da guerra comercial global, que tem gerado "ruídos".
Ainda assim, ele defendeu que o Brasil realize investimentos estratégicos, como a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma vez que a economia continua a depender da energia fóssil. O presidente do BNDES defendeu maiores investimentos em toda a cadeia produtiva dos minerais estratégicos, com um olhar especial para os setores de alta tecnologia
"China, Brasil, Austrália e Canadá detêm grandes reservas e precisamos impulsionar essa vantagem competitiva para trazer a indústria 4.0", afirmou, ao pedir que as universidades se envolvam mais na construção de soluções para os problemas enfrentados pelo país.
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