Indústria aplaude a volta do BNDES para investir em inovação e sustentabilidade

247 - A decisão da BNDESPar de retomar os investimentos em renda variável com foco em inovação e sustentabilidade recebeu amplo apoio de representantes da indústria brasileira. Após quase uma década de retração, a subsidiária de participações do BNDES volta a operar de forma estratégica, com a promessa de investir até R$ 10 bilhões em empresas voltadas à transição ecológica, descarbonização e desenvolvimento tecnológico. O anúncio foi feito no dia 23 de junho, durante a comemoração dos 73 anos do banco, conforme informou sua assessoria de imprensa.

Para o Grupo FarmaBrasil, que representa 12 das principais farmacêuticas de capital nacional, a medida representa um impulso decisivo para ampliar a produção nacional de medicamentos. “A decisão do BNDESPar de realocar recursos, desinvestindo em empresas já consolidadas para focar em negócios voltados à inovação, é extremamente bem-vinda”, afirmou o presidente-executivo do grupo, Reginaldo Arcuri. “A indústria farmacêutica é a que mais investe em inovação entre todos os setores industriais. O setor vê nessa medida um impulso importante para atingir os objetivos da Missão 2 da Nova Indústria Brasil, que prevê que o país produza, até 2033, 70% das suas necessidades em medicamentos”, acrescentou.

Atualmente, as empresas associadas ao FarmaBrasil já acessaram R$ 3,5 bilhões em financiamentos do BNDES. A indústria farmacêutica nacional responde por cerca de 50% dos medicamentos consumidos no país, e esse índice sobe para 75% quando se trata dos produtos adquiridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também manifestou apoio ao novo ciclo de investimentos, destacando seu papel estratégico em um cenário de desafios macroeconômicos e concorrência global acirrada. Segundo a entidade, os aportes anunciados — divididos entre R$ 5 bilhões em investimentos diretos até dezembro de 2025 e R$ 5 bilhões por meio de fundos — têm potencial para alavancar o mercado de venture capital e mitigar os impactos da desaceleração industrial no país. Dados do IBGE apontam que o PIB da indústria recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2025, enquanto a agropecuária cresceu 12,2% e os serviços, 0,3%.

“A retomada dos desembolsos do BNDES segue uma tendência global em que o investimento público direto é usado como ferramenta de superação de grandes desafios socioeconômicos”, destaca nota técnica da Gerência de Política Industrial do banco. A instituição ressalta ainda que os investimentos públicos em participações tendem a atrair recursos privados para projetos de maior risco, como é o caso das inovações tecnológicas.

Também a P&D Brasil — Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação — celebrou o novo posicionamento da BNDESPar, classificando-o como uma ação determinante para fortalecer a indústria nacional e a soberania tecnológica. Em nota assinada por sua presidente-executiva, Rosilda Prates, a entidade afirma: “Estamos confiantes de que com a retomada dos investimentos do BNDESPar, o Brasil alcançará novos patamares de competitividade industrial.”

A P&D Brasil destacou ainda que os recursos previstos serão destinados a empresas com projetos voltados à transição energética e à inovação, e que a associação já mobiliza suas 40 associadas para construir uma agenda conjunta com o banco. Com faturamento anual de R$ 94 bilhões e 76 mil empregos diretos, as empresas da entidade investem, em média, 15% do faturamento incentivado em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

O novo plano de investimentos da BNDESPar está ancorado em cinco frentes estratégicas: Agenda Verde, Parcerias, Ofertas Públicas e Privadas, e Alocação Proprietária. A iniciativa inclui ainda a chamada pública “Chamada de Clima”, que será lançada durante a COP 30 no Brasil, com foco na transição climática e soluções baseadas na natureza. A expectativa é que os recursos do banco possam alavancar até R$ 15 bilhões adicionais de investidores privados.

Ao reposicionar a BNDESPar como agente ativo no fomento à economia verde e à inovação, o governo federal reforça seu compromisso com os objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial lançada em janeiro. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o novo ciclo é uma resposta à desmobilização dos últimos anos. “Temos um novo posicionamento estratégico, que busca investir na economia verde e em inovação em empresas de todos os portes.”

Com essa movimentação, o BNDES sinaliza que volta a cumprir o papel de indutor do desenvolvimento produtivo, promovendo modernização tecnológica, geração de empregos qualificados e fortalecimento de cadeias produtivas nacionais. A indústria, por sua vez, responde com aplausos e expectativa de novos ciclos virtuosos de investimento e inovação.