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Brasil fortalece aliança global pelo clima e amplia apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre

Durante evento em Londres, iniciativa brasileira mobiliza governos, setor privado e povos indígenas em defesa da preservação das florestas tropicais

Evento de alto nível sobre financiamento para florestas em Londres (Foto: Fernando Donasci/MMA)
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247 - Durante a Semana de Ação Climática em Londres, realizada de 21 a 29 de junho, o Brasil ganhou destaque internacional ao consolidar alianças em torno do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), uma proposta inovadora de financiamento para conservação ambiental. De acordo com informações da Agência Gov, a iniciativa avançou estrategicamente em sua meta de se tornar um dos pilares de financiamento climático da presidência brasileira na COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (PA).

Lançado pelo governo brasileiro na COP28, em Dubai, o TFFF é concebido como um mecanismo robusto e de longo prazo para recompensar financeiramente países que preservam suas florestas tropicais e subtropicais úmidas. A proposta é que os pagamentos sejam previsíveis, escaláveis e baseados em resultados mensurados por imagens de satélite, o que permite uma verificação rigorosa da área conservada. A entrega oficial do fundo está prevista para a COP30.

Durante os dias de evento em Londres, o TFFF foi apresentado em painéis de alto nível, reuniões bilaterais e anúncios colaborativos, atraindo o interesse de diversos governos, organizações multilaterais, lideranças indígenas e grandes nomes do setor financeiro. Países como Reino Unido, Noruega, Emirados Árabes Unidos, Colômbia, Peru, Indonésia, Gana e República Democrática do Congo expressaram apoio público à iniciativa.

O secretário de Estado para Energia e Mudança Climática do Reino Unido, Ed Miliband, destacou a importância da proposta brasileira: “É empolgante ver surgir uma nova iniciativa – a brilhante proposta brasileira, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Acreditamos que ela representa uma solução ousada, inspiradora e extremamente promissora para o futuro.”

Na mesma linha, Andreas Bjelland Eriksen, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, afirmou: “O TFFF tem o potencial de transformar a forma como financiamos a proteção das florestas tropicais. Para que tenha sucesso, é fundamental que conte com salvaguardas ambientais e sociais robustas [...] A Noruega está considerando fazer uma contribuição, e encorajamos outros a fazerem o mesmo.”

A ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reforçou o caráter inovador e inclusivo do fundo: “O TFFF é um mecanismo robusto e inovador de investimento público e privado, que direciona recursos diretamente para quem conserva as florestas – garantindo, pelo menos, 20% para povos indígenas e comunidades locais.”

Entre os apoiadores do setor privado estão instituições como a Pimco, Bank of America e Barclays. Christian Stracke, presidente da Pimco, declarou: “Saudamos o TFFF como um modelo inovador, com potencial de escala e autossuficiência. Este mecanismo inclusivo pode mobilizar capital privado em larga escala, ao mesmo tempo em que ajuda a mitigar riscos econômicos associados à perda de biodiversidade e à degradação florestal.”

As lideranças indígenas também tiveram voz ativa na formulação do fundo. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu a alocação mínima de 20% dos recursos captados diretamente às comunidades tradicionais: “Já está constatado que apenas 1% de todos os recursos que são tradicionalmente mobilizados para a mudança do clima chega aos territórios indígenas. Assim, vejo o TFFF como um mecanismo inovador e estrutural.”

Representantes de países tropicais como Indonésia e República Democrática do Congo destacaram o papel transformador do fundo. Para Haruni Krisnawati, da Indonésia, “vemos o TFFF não apenas como uma iniciativa liderada pelo Brasil, mas como uma oportunidade transformadora para todos os países com florestas tropicais.”

Já Joseph Malassi, da República Democrática do Congo, afirmou: “Apoiamos fortemente a iniciativa do governo brasileiro. Conclamamos parceiros bilaterais, multilaterais e privados a trabalharem conosco para garantir que o TFFF seja plenamente capitalizado, transparente, acessível e equitativo.”

O modelo de financiamento do TFFF prevê a mobilização de até US$ 4 bilhões por ano, valor significativamente superior ao que é atualmente destinado por orçamentos públicos nacionais ou pelo mercado voluntário de carbono. O diferencial está em sua estrutura: trata-se de um fundo de investimento gerador de receita, que remunera resultados efetivos, sem depender de doações nem financiar projetos isolados.

Além disso, o TFFF adota um modelo inclusivo, com destinação obrigatória de parte dos recursos aos povos indígenas e comunidades tradicionais. O fundo privilegia a conservação das florestas em pé e busca transformar o financiamento climático global por meio de uma arquitetura transparente, baseada em critérios objetivos e alinhada às metas de biodiversidade e justiça climática.

Diante da urgência da crise climática e da pressão crescente sobre os ecossistemas tropicais, o TFFF se apresenta como uma resposta estruturante, articulando interesses públicos, privados e comunitários em torno de um objetivo comum: garantir a preservação das florestas tropicais e o futuro do planeta.

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