Ugh, chamem o Hugo!
A Odete usa rendas e grifes caríssimas, mas não paga
Não gosto de política, diz o cidadão comum em sua ojeriza. "Ugh, chamem o hugo!” Esse mal-estar já vem do orçamento secreto, das votações na calada da noite, mas agora ficou tudo escancarado e escarrado na cara do brasileiro, como novela. Grupos viralizam memes sobre a votação que abortou a isenção do Imposto de Renda para o povo odiado pela Odete Roitman – a Odete usa rendas e grifes caríssimas, mas não paga. Dizem que são memes da esquerda, aliás, basta ter alguma autoestima para nos chamarem de esquerda ou comunistas.
Se você pagar cinco por cento de imposto num hambúrguer, o rico também paga cinco por cento. Para ele, que tem muito, não faz nem cócegas – e ele vai exibir comendo à francesa. Para você é um dinheiro que pode lhe faltar para a passagem espremida do ônibus de lotação. Ou seja, a você que não tem chofer particular custou bem mais, além dos cutucões do passageiro detrás.
A economia do país é como a da nossa casa! Mentira. Isso é enganação da TV, de comentaristas e economistas do jornalismo de aluguel. Esse blábláblá de que como você administra os caraminguás do mês, de não poder gastar mais do que ganha não tem nada a ver com a economia nacional. No país, há diferença de classes, de quem nasce pobre e de quem nasceu com herança, com o “cu pra lua”. Não há um porquinho onde todo mundo põe o dinheiro para dividir por igual. Na família comum pobre, o irmão que tem emprego um pouco melhor ajuda com mais. No país quem ganha mais embolsa e não divide, aplica e paga o mínimo de impostos – não uma caixa comum que redistribui. Então comparar com a economia doméstica é balela.
Há um exemplo do evangelho, um testemunho do próprio Jesus aos discípulos: vi uma velhinha que deu apenas uma moeda de oferta e digo que ela deu mais que todos, pois era a única moeda que tinha. Ora, quem ganha mais deve contribuir com mais para dar a justa contribuição. Se todos contribuíssem e não sonegassem os impostos para construir o hospital ou a escola, a velhinha poderia dar menos ou nem dar a sua moedinha.
No Brasil, grandes fortunas não pagam impostos. Esses muito ricos têm também isenções bilionárias e põem grupos para os defenderem no Congresso e financiam as campanhas daqueles “candidatos bonitinhos” nos quais votamos. Por isso vem as isenções para as igrejas, impostos e tantos jabutis de brecha para aumentar gastos. Para “equilibrar as contas” do governo, os ricos sugerem cortar dinheiro do SUS, do reajuste do salário mínimo, do Bolsa-família, do BPC e tudo do que estiver por baixo, mas, atenção, nada do que for benefício deles. Aos ricos as isenções temporárias se tornam permanentes e os pobres, com descontos no holerite ou embutidos na compra do mercado, não têm como se isentar e ainda são acusados de vagabundos quando desempregados e recorrem ao Bolsa-família. Ai do pobre se não pagar as suas contas! Cobrador, camburão, e vexações na porta, ou talvez visto num programa sensacionalista que exibe desgraça e vende patrocínios. “Ugh, chamem o hugo!”
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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