Trump impulsiona Lula e desarma a direita
A jogada de Trump saiu pela culatra. Em vez de enfraquecer Lula, fortaleceu o presidente brasileiro como líder de Estado
Em fevereiro de 2025, o Blog do Esmael antecipou que Donald Trump, ao agredir o Canadá com tarifaço e extremismo comercial, poderia, paradoxalmente, impulsionar Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil. Cinco meses depois, neste sábado (12), a Folha de S. Paulo ecoa essa mesma tese em seu editorial, confirmando a leitura que fizemos dos bastidores do poder e da geopolítica da extrema direita.
O editorial da Folha, intitulado “Agressão de Trump dificulta equilibrismo na direita”, reconhece que o ataque comercial do ex-presidente dos EUA contra o Brasil — uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — não fortaleceu Jair Bolsonaro nem seus aliados, como Tarcísio de Freitas, mas reposicionou Lula como defensor da soberania nacional, com respaldo do empresariado, do centro político e até da comunidade internacional.
Em fevereiro, dissemos com todas as letras: “Trump ressuscita Trudeau no Canadá e pode impulsionar Lula no Brasil”. O paralelo era direto. No país vizinho, o ataque econômico de Trump serviu de combustível para a recuperação dos liberais, partido de Justin Trudeau e seu sucessor Mark Carney, até então enfraquecidos. A mesma lógica se aplica ao Brasil, com Lula vestindo o figurino de líder soberano diante da chantagem de uma potência estrangeira.
O efeito colateral — ou melhor, a tragédia política — recai sobre a direita bolsonarista. Bolsonaro, inelegível e cada vez mais isolado juridicamente, se apequena ao aplaudir Trump mesmo quando o americano prejudica diretamente os brasileiros. Na cena pública, Bolsonaro aparece agradecendo ao padrinho que impõe tarifas brutais contra o Brasil, um gesto que choca inclusive parte do eleitorado conservador.
E os pré-candidatos da direita? Engasgaram. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e pupilo de Bolsonaro, tropeçou ao tentar equilibrar fidelidade ao bolsonarismo e responsabilidade institucional. Primeiro, culpou Lula. Só depois, já pressionado, falou sobre os prejuízos da tarifa de Trump para a economia paulista. A mesma ambiguidade foi vista em Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), que reagiram tarde, mal e com cálculo eleitoral à flor da pele.
A tese central do editorial da Folha, cinco meses após a análise do Blog do Esmael, é que essa agressão externa não dá espaço para dubiedades. O momento exige posições claras. Quem se omite, tergiversa ou tenta agradar gregos e troianos corre o risco de perder os dois lados. A direita brasileira, encurralada entre o trumpismo tóxico e o lulismo reposicionado, patina.
A jogada de Trump saiu pela culatra. Em vez de enfraquecer Lula, fortaleceu o presidente brasileiro como líder de Estado. Ao mesmo tempo, desmoralizou seus aliados mais radicais, subjugados a uma agenda externa que prejudica o próprio país. Um capítulo de realismo político que este Blog leu antes, por convicção — e agora é confirmado pelos fatos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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