Oliveiros Marques avatar

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

89 artigos

HOME > blog

O inimigo do povo

Amigo dos ricos, mamata 2.0 e vergonha nacional são algumas das adjetivações atribuídas a Hugo Motta que emergiram de análise semântica das redes sociais

Hugo Motta (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Inimigo do povo, amigo dos ricos, mamata 2.0, vergonha nacional, Eduardo Cunha 2.0, quem paga o pato é o povo, quer mais deputado para mamar. Essas são algumas das adjetivações atribuídas a Hugo Motta que emergiram na análise semântica das redes sociais nos últimos sete dias, conforme levantamento realizado pela Agência Ativaweb.

Segundo o relatório, compartilhado por Alek Maracajá, especialista em análise de dados, no grupo de WhatsApp do CAMP, o estudo processou mais de 2,5 milhões de interações no Facebook, Instagram, X e TikTok. A conclusão é particularmente interessante, e tomo a liberdade de citá-la na íntegra:

“O levantamento revelou um cenário de desgaste crescente, marcado por uma indignação transversal que uniu direita, esquerda e, principalmente, usuários sem filiação política. Hugo Motta passou a ser percebido como símbolo dos privilégios institucionais e da desconexão com o sentimento popular.”

Chamou a atenção – e por isso mesmo foi destacado em negrito no relatório de Maracajá – o fato de que boa parte dos indignados com o presidente da Câmara ecoaram o discurso lançado por perfis da esquerda sem possuir qualquer filiação partidária. Ou seja: o debate furou a bolha.

“São cidadãos digitais conectados com pautas como justiça social, custo de vida e representatividade. A proposta de aumento do número de deputados foi percebida como um insulto à realidade da população”, complementa o relatório.

Em outras palavras: depois de muito tempo, a esquerda venceu o debate nas redes por uma semana inteira. E o que mudou? A esquerda aprendeu, de repente, como funcionam os algoritmos? Nada disso. Tomou a iniciativa política.

O debate político se vence com posicionamentos claros, objetivos e com a apresentação de inimigos comuns. Se esse inimigo, aliás, já carrega fragilidades anteriores, melhor ainda.

Talvez os dados levantados pela Ativaweb ofereçam uma pista valiosa ao governo e sua base social sobre para onde conduzir o debate nos próximos dias. Um caminho possível seria contrapor a proposta indecente de aumento no número de deputados com a pauta concreta do fim da escala 6x1, tema caro a trabalhadores e trabalhadoras.

Talvez esse seja o bom debate para o próximo período, enquanto Lula tenha aquela conversa clara com os presidentes da Câmara e do Senado para dizer, em português muito claro: “Comigo, vocês não vão fazer o que fizeram com a Dilma. Eu vou pro pau com vocês.” Simples assim!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...