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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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O futuro da América Latina

"O certo é que a direita não tem boas perspectivas no continente, enquanto as forças antineoliberais tendem a se fortalecer"

(Foto: Ilustração Prensa Latina)

Com esse título, será publicado, ainda este ano, na Argentina, um livro com mais de vinte especialistas, sobre o destino do continente.

Depois da última década do século passado, em que o continente foi marcado por governos neoliberais em praticamente todo o continente, o século atual se anunciava como o de governos antineoliberais.

Durante década e meia, a grande maioria dos governos latino-americanos privilegiou políticas sociais, retomada do desenvolvimento econômico e fortalecimento do Estado.

A partir desse momento, mediante tentativas de golpe militar fracassadas, a direita tentou retomar governos em alguns países, entre eles o Brasil e a Bolívia. Paralelamente, as forças conservadoras diversificaram suas formas de ação, passando a lançar mão de modalidades alternativas.

Esta, caracterizada como de lawfare ou judicialização da política, mediante a qual se busca nova forma de golpe, desta vez revestida de procedimentos jurídicos. Um exemplo claro foi o impeachment de Dilma Rousseff, sob a alegação de que ela teria deslocado recursos dentro do orçamento, de forma considerada ilegal.

Um procedimento que, posteriormente, foi considerado indevido pelo próprio Judiciário brasileiro, considerando a ex-presidenta do país como inocente.

Que perspectiva podemos visualizar sobre o futuro do continente no transcurso da terceira década deste século?

Atualmente, os governos progressistas – ou antineoliberais – ainda têm peso. Entre eles, o Brasil, a Argentina, a Colômbia, o Uruguai, Honduras.
A direita, por sua vez, tem no governo de Javier Milei, na Argentina, sua única expressão. Um governo que coloca em prática uma política neoliberal do Estado mínimo, cujo futuro depende do destino do governo Trump, ao qual ele está estreitamente vinculado.

O futuro do continente hoje depende da aliança entre os governos do Brasil e do México, cujo eixo pode substituir a aliança entre o Brasil e a Argentina, nas primeiras décadas do século.

Da capacidade desses países se constituírem como lideranças do conjunto do continente depende o futuro do continente.

A inserção dos países progressistas no mundo passa pelo fortalecimento dos BRICS. Uma aliança estratégica comandada pela Rússia, pela China e pelo Brasil, liderando o Sul do mundo.

A circunstância favorável às forças latino-americanas e do Sul do mundo vem do declínio da hegemonia norte-americana no mundo, assim como dos seus aliados – Europa Ocidental e Japão.

A projeção da América Latina para a primeira metade do século XXI se dá a partir desse cenário. A mudança mais possível é a que pode provir da próxima eleição na Argentina, em que o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, se apresenta como um candidato forte.

Se pode contar com a provável reeleição do Lula, assim como a da Claudia Sheinbaum. Eventualmente, também pode se eleger, em uma disputa difícil, Andrónico Rodríguez, na Bolívia.

O certo é que a direita não tem boas perspectivas no continente, enquanto as forças antineoliberais tendem a se fortalecer.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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