Michelle Bolsonaro, a santa padroeira dos EUA no Brasil
A carta que ela endereçou a Lula é uma prova inequívoca de que o bolsonarismo é vira-lata, mau caráter e sem vergonha
Depois de Andressa Urach, conhecida profissional de alcova e produtora de conteúdo adulto, publicar um vídeo nas redes sociais pedindo perdão à Donald Trump pelas ofensas (merecidas, diga-se de passagem) que os brasileiros compartilharam em seu perfil no X, e clamando para que ele não promova uma guerra contra o Brasil porque ela ainda quer “sentar muito”, Michelle Bolsonaro resolveu apelar para um carta endereçada ao presidente Lula que, segundo ela, estaria sendo guiado por um desejo de vingança ao se aliar a “ditadores” e “desafiar” o presidente norte-americano não se curvando às suas chantagens e ameaças de taxação.
Fria feito uma lagartixa, sonsa como uma barata e venenosa tal qual uma cascavel, Michelle se utiliza de um tom bíblico em sua missiva, o que sugere uma espécie de clamor pela paz e pela liberdade de um povo que estaria sendo oprimido e massacrado pelo atual governo, que estaria desobedecendo ordens “divinas” e se aliando a malfeitores que estariam fazendo o país ser castigado por Deus. O deus EUA. Tentando emplacar uma versão feminina de Moisés que tenta libertar o povo hebreu das garras de Faraó, a pastora da Shopee diz para que Lula “pelo bem do Brasil e dos brasileiros, abandone essa tendência ditatorial e pense no bem do nosso amado povo, das nossas famílias.” Do contrário, o deus Trump enviaria pragas, digo, taxas, para castigar a nação.
Ninguém no bolsonarismo interpreta uma evangélica ungida por Deus melhor do que Michelle. Além de sapatear, rodopiar, organizar jejum e falar em línguas, ela também escreve cartas de traição à pátria que diz amar, possivelmente, inspirada pelo “altíssimo”. Assim como o apóstolo Paulo, um grande conselheiro da igreja primitiva, Michelle começa a semear as suas epístolas pelas comunidades do país, acreditando que através delas, e usando a chantagem tarifária de Trump como instrumento de manipulação, está fortalecendo a campanha pela anistia de seu marido e dos demais criminosos golpistas chefiados por ele. Nem o diabo aguenta tamanha dissimulação.
Michelle só não percebeu que, enquanto ela espera a volta de Jesus usando o seu nome como fiador das aventuras e desventuras criminosas e golpistas do bolsonarismo, o Lula do velho testamento já está entre nós e disposto a fazer a lei da reciprocidade ser cumprida se Donald Trump insistir em chantagear economicamente o Brasil, para ver atendido os seus interesses políticos no país. Lula já deixou claro que o Brasil é soberano e não aceitará interferências externas de quem quer que seja. Mas parece que Michelle não entendeu, ou está fingindo não entender o recado para tentar convencer o seu gado de que Lula é o Faraó da vez, e quer manter o povo brasileiro cativo. Ai, que burra! Dá zero pra ela, diria o pequeno Chaves.
Em um trecho da carta ela escreve: “Lula, chegou a hora de baixar as armas! Você precisa deixar o seu desejo de vingança de lado. Você precisa parar de se juntar aos movimentos terroristas e aos ditadores. A imagem de um Brasil pacífico e de progresso está destruída porque você está se juntando a essas pessoas e arrastando o Brasil para o buraco!”, e eu entendo: Lula, chegou a hora de conceder anistia aos criminosos do 08/01. Você precisa esquecer que o meu marido fazia parte de um plano para matá-lo, juntamente com o seu vice e o ministro Alexandre de Moraes. Você precisa parar de defender a Palestina do genocídio que Israel vem praticando contra aquele povo. A imagem de um Brasil colônia e submisso aos interesses dos EUA está sendo destruída porque você está ampliando os negócios com a China e dando protagonismo ao Brasil nos BRICS.
Sabemos que em seu íntimo Michelle nutre o sonho de ser a candidata do bolsonarismo à presidência da república em 2026. Sonho este que não é compartilhado por seu marido, e nem pelos seus enteados. De todo modo, a profetisa do gado que reza para pneu, também tenta transparecer em sua carta uma suposta capacidade de diálogo político. Virtude necessária para um chefe de estado, e que Lula possui com sobras. Michelle sugere que saberia como agir se estivesse ocupando a presidência neste momento, e condiciona ao bem estar do povo todo e qualquer sacrifício que ela tivesse que fazer. “Lula, pelo bem do Brasil e dos brasileiros, abandone essa tendência ditatorial e pense no bem do nosso amado povo, das nossas famílias.”, escreve ela, pensando unicamente no bem estar de sua nem tão amada família.
Eu não sei se Michelle tem as mesmas preocupações de Andressa Urach, e teme que uma possível guerra entre EUA e Brasil possa abreviar o gozo de sua vida terrena. Talvez, não seja o caso, pois estamos falando de uma mulher evangélica, e os evangélicos vivem implorando para que Jesus volte e os leve desse mundo. Não seria se ele voltaria nesta “temida” guerra, mas a possibilidade de muitos irem ao seu encontro, ou para outro destino um pouco mais abaixo, seria grande. O fato é que mais uma vez o bolsonarismo usa a figura da mulher como pacificadora das batalhas que eles mesmos promovem. Se fosse esposa de Caco Antíbes, personagem de Miguel Falabella no extinto humorístico “Sai de Baixo”, antes mesmo de iniciar as primeiras linhas de sua carta Michelle ouviria um conselho que a teria poupado de tamanho vexame público: “Cala a boca, Magda!”
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