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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Candidato a presidente aplaude quem ameaça o Brasil

Tarcísio foi tocar corneta de apoio a Trump, que quer ver o Brasil de joelhos ou beijando-lhe a “bunda”

Tarcísio de Freitas (Foto: Reprodução)

Em 2026 teremos eleições presidenciais. Para a eleição de 2026, há um senhor na soleira da porta, hesitante. Não sabe se entra ou não entra. Em 2022, sem nenhuma expressão, mas empurrado por um padrinho que bombava na cena política nacional, ele chegou ao cargo de governador de São Paulo. Sim, estou falando de Tarcísio de Freitas. 

Militar – guardem esse detalhe, pois ele será importante adiante -, formado em engenharia no Instituto Militar de Engenharia (IME), localizado na Praia da Urca, ao lado do mais conhecido cartão postal do Rio de Janeiro, o que obrigava a esse senhor genuinamente carioca a morar onde sempre morou: no Rio.

De posse da sua formação, esticou um mapa do Estado de São Paulo num cavalete e começou a sua pesquisa sobre os paulistas, a sua geografia e as suas regiões. Só se esqueceu de dois detalhes: ter um endereço fixo no estado que queria governar e procurar o endereço de onde iria votar. Em qual colégio eleitoral? Não sabia. Isso ficou patente ao ser perguntado objetivamente sobre a questão. Quanto à moradia, tratou de fornecer a direção de um parente. O TSE se fez de morto. O cara chegou lá. Atrás de si, deixou o cadáver de um trabalhador estirado em Paraisópolis, durante a campanha, num episódio obscuro. De tão obscuro o MP arquivou. 

Eis que chegaram as eleições municipais de 2024. Agora, já na condição de governador, se cacifou para ser ele o padrinho do candidato que com a sua força acabou eleito. No dia da votação, diante de câmeras de TV, ele acusou sem provas o opositor do afilhado, de pertencer ao PCC. Claro que a história foi parar na Justiça, que preferiu não tirar a venda dos olhos. Caso arquivado. A vida seguiu.

Frequente nos atos do ex-presidente inelegível e réu no núcleo crucial do processo que apura a tentativa de golpe de Estado no país, Tarcísio de Freitas, em seus discursos, costuma afrontar a Constituição, pois se coloca a favor de alguém que tentou impedir a posse do presidente escolhido pelo povo. A vontade do povo, como sabemos, é soberana. Passando por cima do que reza a carta, Tarcísio defende e já prometeu indulto a Bolsonaro, caso tenha poderes para isso. Ops. Cruzou a soleira da porta da hesitação, quando assim se pronunciou, vocês não acham? A sinalização é a de que pretende ter o seu nome nas urnas – as eletrônicas, que Jair tanto criticou, mas o levou ao governo da maior capital do país -, em 2022. 

Fora todos os atos de violência e mortandade cometidos pela sua Polícia, no verão passado, os arremates por qualquer tostão de empresas como a SABESP, agora o governador, um militar, um oficial do Exército Brasileiro (ainda que reformado), na  segunda-feira (07/07), passou de todos os limites. Postou na conta do seu X, o seguinte: “Com a palavra, presidente @realDonaldTrump. @jairbolsonaro deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições. Força, presidente!”

Alguém que teve todo o seu estudo custeado pelos cofres públicos, que jurou à bandeira brasileira, que prometeu defender as cores do seu país, que é chefe de governo do maior estado brasileiro, pulou a trincheira. Foi tocar corneta de apoio ao presidente que quer ver o Brasil de joelhos ou beijando-lhe a “bunda”, como já declarou. Francamente...

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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