Brasil sem Defesa
É urgente um plano de modernização do nosso sistema de defesa, com o enxugamento do efetivo militar e a ampliação das áreas cientificas e tecnológicas
Não sou especialista em guerras de alta tecnologia com o uso de drones, robôs, misseis e antimísseis, mas me parece claro que o Brasil não está minimamente preparado para a defesa do nosso país. Basta acompanhar a guerra entre Irã e Israel para constatar o óbvio. Nossas forças armadas, com seus 360 mil militares e uma folha de pagamento girando em torno de 78 bilhões de reais por ano, vive ainda no mundo analógico das guerras convencionais. Nossa defesa não resistiria a um dia sequer de ataques altamente tecnológicos que Israel tem feito, como o que, por exemplo, foi capaz de eliminar cientistas e chefes militares iranianos a uma distância de 1.600 quilômetros.
Não conseguiríamos também nos defender de ataques de drones como os iranianos que atingiram recentemente o centro do Mossad, o serviço secreto de Israel, em Tel Aviv. Ou seja, o Brasil, um país continental com 8.510.000 km², 210 milhões de habitantes e oitava economia mundial, está à mercê das boas relações que mantém com a maioria dos países nos seis continentes. Convenhamos, muito pouco em um mundo onde as guerras e conflitos se avolumam. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, o mundo registrou no ano passado 61 conflitos envolvendo 36 países, com 129 mil mortes. Números que não param de crescer em 2025, principalmente pelos ataques liderados por Benjamin Netanyahu no Oriente Médio. Só em Gaza, o número de vítimas fatais ultrapassa os 60 mil civis.
Além das guerras, o mundo assiste a um aumento significativo de conflitos provocados pelo chamado crime organizado. Desde 2017, as populações das Américas têm testemunhado um aumento significativo de tensões entre gangues e carteis. Aqui, as organizações criminosas são mais bem organizadas, utilizam armas sofisticadas e expertise na área cibernética, bem mais avançadas que na África, onde os conflitos de rua são mais comuns. Em tempos de julgamento dos golpistas brasileiros, é triste constatar que nos anos Temer/Bolsonaro os governantes privilegiaram a compra de equipamentos israelense de última geração, não para o bem da defesa do país, mas tão somente para arapongar desafetos e até mesmo aliados, no que se convencionou chamar de "ABIN paralela". Mais triste ainda é ver que oficiais das nossas forças armadas participaram pela “milésima vez” da tentativa de um golpe de Estado.
É mais do que urgente um plano de modernização do nosso sistema de defesa, com o enxugamento do efetivo militar e a ampliação de quadros nas áreas cientificas e tecnológicas. Projetos e estudos para a implantação de desenvolvimento de tecnologias próprias, para o sistema de defesa do país. Nesse sentido, é importante a substituição de importações sensíveis por produção nacional (munições, peças, sensores, radares, misseis, drones e softwares). E parcerias estratégicas para transferência de tecnologia de ponta. Para sobreviver no mundo cibernético é fundamental para o Brasil ter o controle total das tecnologias digitais na internet. Chegou a hora de aposentarmos de vez os generais analógicos-golpistas e abrirmos espaço aos cientistas e estrategistas, com boa formação intelectual e conhecimento estratégico.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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