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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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Agenda de justiça tributária defendida por Lula e Haddad ecoa nos EUA

Apesar de combatida pelo Congresso brasileiro, medidas de taxação de super-ricos ressoam em propostas como a do democrata Zohran Mamdani, em Nova York

Presidente Lula com ministro Fernando Haddad e candidato a prefeito de Nova York, Zohran Mamdani (Foto: ABR | Reuters )

A defesa de uma justiça tributária que faça os super-ricos contribuírem mais com a sociedade deixou de ser um debate isolado ou exclusivo de países em desenvolvimento. A agenda encampada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, começa a ecoar em outras democracias — como mostra o caso do candidato a prefeito de Nova York, o democrata Zohran Mamdani.

Ao assumir a presidência do Brasil pela terceira vez, Lula recolocou no centro da política fiscal o enfrentamento à desigualdade tributária. Seu governo vem promovendo iniciativas que buscam aliviar o peso da carga tributária sobre os mais pobres, como a ampliação da faixa de isenção total do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e parcial para quem ganha até R$ 7 mil, e a proposta de tributar grandes fortunas, lucros e dividendos. A defesa de tributar o chamado “andar de cima” BBB — bilionários, bancos e bets — obteve forte apoio nas redes sociais, como mostrou o vídeo divulgado pelo PT sobre o assunto.

O Brasil lançou esta bandeira também em nível internacional, com a proposta do Brasil no G20 de criar um imposto global sobre os super-ricos. A medida, que recebeu apoio de países como França, Espanha, Bélgica e União Africana, poderá gerar US$ 250 bilhões por ano ao tributar apenas 3 mil pessoas no planeta. Em vez de seguir o caminho da austeridade fiscal exigida por setores conservadores, Lula tem sustentado que quem tem mais deve pagar mais.

Essa mensagem parece estar encontrando ressonância fora do Brasil. Em entrevista à NBC, Zohran Mamdani, que venceu as primárias democratas em Nova York, afirmou que sua campanha está focada em aumentar os impostos dos mais ricos para financiar políticas públicas robustas, como transporte gratuito, congelamento de aluguéis e um salário mínimo de US$ 30 por hora. “É a cidade mais rica do país mais rico da história do mundo e, no entanto, um em cada quatro nova-iorquinos vive na pobreza”, disse Mamdani. Para ele, colocar os trabalhadores em primeiro lugar é também uma forma de combater o autoritarismo político.

O recente relatório da Oxfam mostra que o 1% mais rico do planeta detém 45% da riqueza global, enquanto metade da população mundial possui apenas 2,4%. A taxação de fortunas, segundo a Oxfam, é o instrumento mais eficaz para enfrentar essa realidade. Os dados revelam ainda que os bilionários pagam proporcionalmente apenas 0,3% de suas fortunas em impostos — uma distorção inaceitável.

No Brasil, um imposto mínimo de 2% sobre os 0,2% mais ricos arrecadaria cerca de R$ 41,9 bilhões por ano — suficiente para triplicar o orçamento de ministérios estratégicos como o da Ciência e Tecnologia. Esse é o tipo de política que transforma um país, promovendo mobilidade social e dignidade para milhões. Mas está sob forte e cerrado ataque pelo Congresso Nacional, que tenta reeditar um manjado discurso contrário ao aumento da "carga tributária”, quando na verdade, tenta escamotear os privilégios concedidos a esta parcela reduzida da população.

Ao invés de serem vistas como propostas radicais, essas medidas precisam ser reconhecidas como respostas urgentes a um sistema que beneficia uma minoria à custa da maioria. Lula e Mamdani — cada um a seu modo, em contextos distintos — estão promovendo uma ideia simples: é hora de os muito ricos contribuírem com a sociedade proporcionalmente aos privilégios que acumulam. A justiça tributária não é apenas um projeto de país, mas um projeto de civilização.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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