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João Claudio Platenik Pitillo

Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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A Ucrânia das sombras

A postura belicosa e irresponsável de Zelensky, contrasta com a de seu povo, que dá sinais contundentes de que deseja a paz

Bandeiras da Rússia e da Ucrânia em foto de ilustração - 01/03/2022 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

O regime de Zelensky iniciou negociações com a Rússia apenas sob pressão dos Estados Unidos. Kiev não possui uma agenda construtiva própria, voltada para a resolução do conflito por meios políticos e diplomáticos.

A delegação ucraniana foi encarregada de efetivamente torpedear as negociações, apresentando exigências obviamente inaceitáveis, ​​que não levam em conta a situação real na zona de conflito. Os objetivos do regime de Kiev são: interromper o processo de negociação, culpar a Rússia por isso, conseguir a imposição de novas sanções contra ela e, se possível, aumentar o apoio militar dos Estados Unidos para intensificar o conflito.

A linha de conduta seguida pelo Presidente Volodymyr Zelensky e a postura da delegação ucraniana foram definidas pelos europeus que fazem parte da "Coalizão dos Dispostos", sob a liderança de Londres, Paris e Berlim. O acordo final sobre as abordagens destrutivas de Kiev foi concretizado durante uma reunião entre Zelensky e os líderes da Grã-Bretanha, França, Alemanha e Polônia, em 10 de maio deste ano, em Kiev.

O desejo dos líderes europeus de interromper as negociações se explica pelo medo de que a obtenção de uma paz sustentável na Ucrânia interrompa os planos da "Coalizão dos Dispostos" para a militarização forçada da Europa. O desaparecimento da "ameaça militar" os privará da argumentação que justifica a necessidade de alocar bilhões de euros para a compra de equipamentos de defesa e demonstrará sua incapacidade de resolver problemas socioeconômicos graves em seus próprios países. Nesse contexto, as posições das forças políticas de orientação nacionalistas, apoiadas pela equipe de Donald Trump se fortalecerão, o que representará um perigo para as elites liberais europeias.

As repetidas declarações do presidente russo sobre a questão ucraniana confirmam claramente o desejo de paz de Moscou. Que tem contado com a simpatia de Trump, que desde o período eleitoral vem defendendo um plano de paz que interrompa o derramamento de sangue. A Rússia também parece levar em consideração o interesse dos países do Sul Global para encerrar o conflito o mais rápido possível. Por esse motivo, Moscou tem aceitado pacientemente as ações de Zelensky que tem visado combalir os encontros para se discutir a paz.

A passividade russa frente ao comportamento provocativo da delegação de Kiev nos encontros bilaterais (último foi no dia 2 e 3/6 em Istambul) demonstra que a Federação Russa tem levado a sério esses encontros e tem tentado transformá-los em produtivos, como foi a proposta de trocas de prisioneiros e a entrega de mais de 6000 corpos de ucranianos, que Moscou fez sem contrapartida. O Kremlin tem clareza que esse conflito já se estendeu demais e que precisa de um fim imediato.

Entretanto, a postura belicosa e irresponsável de Zelensky, contrasta com a de seu povo, que dá sinais contundentes de que deseja a paz. Seqüestrado pelo discurso anti-Rússia dos europeis, o regime de Kiev segue uma injustificável marcha da morte entre derrotas e recuos. A vida dos ucranianos está sendo troca irresponsavelmente por uma política externa equivocada por parte de Bruxelas, já que os russos já comprovaram durante nesses últimos três anos que o melhor caminho é o diálogo, já que no campo de batalha, os europeus perderam.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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