A tentativa de Trump eleger Bolsonaro à força: um chamado à soberania
A esquerda precisa assumir de vez um projeto nacional, popular e soberano
Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A justificativa? A defesa de Jair Bolsonaro, a crítica à atuação do Supremo Tribunal Federal e à suposta censura contra redes sociais americanas. A mensagem é clara: interferência externa direta no processo político brasileiro, uma ação que não pode ser tratada como “diferença diplomática”, mas sim como um ataque frontal à soberania nacional.
O governo brasileiro precisa reagir com reciprocidade. Não há mais espaço para notas diplomáticas mornas. O Brasil precisa impor tarifas espelhadas, convocar os países do BRICS e do Sul Global a se solidarizarem com o país e apresentar, internamente, um plano de emergência para substituição de importações e reindustrialização nacional. É a hora de falar grosso, proteger o mercado interno e manter o país em marcha de reconstrução nacional.
Esse movimento de Trump não é isolado. É parte do xadrez eleitoral de 2026. A estratégia parece ser de que Bolsonaro será mantido como pré-candidato sub judice para se vitimizar e mobilizar suas bases. Quando for juridicamente impedido, entrará o nome do filho, Eduardo Bolsonaro, como plano B, com apoio e visibilidade internacional garantidos por Trump. Essa ofensiva demonstra a crise de hegemonia do campo da direita, que hoje não consegue produzir nenhuma alternativa viável ao bolsonarismo e ao lulismo. O bolsonarismo, em decadência, recorre à interferência internacional para manter sua relevância.
Mas, paradoxalmente, esse ataque pode se transformar numa oportunidade histórica para o Brasil. A crise escancarou que o modelo de dependência econômica faliu. Que o neoliberalismo entreguista já não nos serve. E que, se quisermos sobreviver como nação, teremos que reerguer nosso parque industrial, retomar o controle dos setores estratégicos, investir em ciência e tecnologia e fazer política externa de igual para igual com os grandes blocos do mundo.
A esquerda precisa assumir de vez um projeto nacional, popular e soberano, que não se limite a administrar o possível, mas que tenha a ousadia de transformar o Brasil num país livre, próspero e justo. Trump nos deu a senha. Que saibamos responder à altura da história.
Daniel “Samam” Barbosa Balabram é carioca, músico, educador e militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi Secretário de Comunicação e membro da Executiva do PT da cidade do Rio de Janeiro (2019-2022) e ocupa desde 2017 cadeira no coletivo da Secretaria Nacional de Cultura do PT (SNCult/PT). Atualmente, está como Coordenador-Geral do Conselho Nacional de Política Cultural - CNPC no Ministério da Cultura - MinC.
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