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Procurador-geral da Venezuela denuncia Bukele como líder máximo das gangues

Tarek William Saab denuncia que presidente de El Salvador age como tirano regional ao selar acordos com líderes de grupos criminosos e prender inocentes

Procurador-geral da Venezuela Tarek William Saab (Foto: Twitter / PSUV)

247 - O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou nesta terça-feira (8) o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, de ser o verdadeiro "líder máximo das gangues" do país centro-americano. A declaração foi feita após a revelação de um escândalo envolvendo acordos secretos entre o governo salvadorenho e chefes da organização criminosa Mara Salvatrucha (MS-13). As acusações ganharam força com uma reportagem publicada pelo The New York Times em 30 de junho, destacando a existência de um pacto entre a administração de Bukele e líderes da quadrilha, em troca de benefícios e apoio político.

Segundo o jornal norte-americano, promotores salvadorenhos reuniram evidências indicando que o governo de Bukele teria reduzido a violência no país mediante acordos com a MS-13, oferecendo vantagens como repasses financeiros e benefícios carcerários. Em troca, os chefes das gangues manteriam a paz nas ruas e prestariam apoio político ao presidente. Ainda de acordo com a reportagem, Bukele teria solicitado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a deportação de nove chefes da MS-13 atualmente detidos em prisões norte-americanas, temendo que esses líderes expusessem os detalhes do suposto pacto.

Para Saab, o caso escancara os "dois pesos e duas medidas" com que Bukele conduz seu governo: “O jornal de Nova York ecoa os dois pesos e duas medidas de um líder que se tornou tirano regional e que, embora pareça combater o crime, na verdade faz acordos com seus líderes para consolidar seu poder corrupto”.

A Telesur informa que durante seu pronunciamento, o procurador-geral também criticou duramente o tratamento dispensado a 252 venezuelanos detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), prisão de segurança máxima construída por Bukele e frequentemente apresentada como símbolo de sua política de combate ao crime. Segundo Saab, esses cidadãos venezuelanos foram transferidos dos Estados Unidos para El Salvador sem acusação formal e vivem sob tortura e condições desumanas.

“Em uma contradição que reflete sua lógica pervertida, enquanto Bukele negocia com as gangues, ele mantém mais de 250 venezuelanos inocentes reféns sob tortura. Eles foram transportados dos EUA para El Salvador e confinados no campo de concentração que chamam de CECOT, sem terem cometido nenhum crime e em condições desumanas”, afirmou Saab, em tom veemente.

O procurador ainda denunciou que o governo salvadorenho ofereceu aos EUA um corte de 50% no custo da manutenção desses detentos no CECOT, com o objetivo de viabilizar a transferência dos líderes da MS-13 que estão presos em solo norte-americano. “É como se os venezuelanos fossem mercadorias sendo comercializadas em um mercado de vendedores ambulantes”, comparou.

As críticas do chefe do Ministério Público venezuelano se somam a crescentes denúncias de organizações de direitos humanos sobre o uso político do sistema carcerário em El Salvador, onde milhares de pessoas têm sido presas sob suspeita de vínculos com o crime organizado, muitas vezes sem o devido processo legal.

Saab concluiu sua declaração reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos humanos dos venezuelanos, tanto no território nacional quanto no exterior. Ele também convocou a atuação de organismos multilaterais, especialmente a Organização das Nações Unidas (ONU), diante do que classificou como “atos de arbitrariedade sistemática”.

As revelações colocam mais pressão internacional sobre o governo de Bukele, cuja estratégia de segurança pública tem sido objeto de elogios e críticas. Enquanto seus índices de aprovação interna permanecem altos graças à redução da criminalidade, denúncias como essa levantam dúvidas sobre a legalidade e a ética das ações adotadas.

A crise humanitária envolvendo os venezuelanos detidos e o pacto com criminosos internacionais reacende o debate sobre os limites da guerra contra o crime e os riscos do autoritarismo disfarçado de segurança.

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