Milei reage com ameaças após derrotas no Senado argentino
Presidente diz que vetará todas as medidas aprovadas e promete judicializar decisões; parlamentares denunciam incitação à violência após ataques nas redes
247 - O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta um momento de forte tensão política após sofrer sua mais dura derrota no Senado desde que assumiu a Casa Rosada. Em uma sessão marcada por ampla articulação da oposição e de setores aliados aos governadores provinciais, a câmara alta aprovou uma série de medidas rejeitadas pelo governo federal. A informação é da Prensa Latina.
Entre os projetos aprovados está o que amplia os benefícios da aposentadoria, com aumento de 7,2% nos valores e majoração do bônus mensal de 70 mil para 110 mil pesos. Também foi aprovada a prorrogação da moratória previdenciária, além de fundos destinados a pessoas com deficiência. O Senado ainda derrubou o veto presidencial à lei que previa ajuda emergencial a Bahía Blanca, cidade afetada por um desastre climático.
A lei vetada por Milei em 24 de junho criava um fundo de 200 bilhões de pesos para atender as vítimas e financiar a reconstrução da cidade. O veto havia sido assinado pelo próprio presidente, além do chefe de Gabinete, Guillermo Francos, e da ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
Outro duro revés para Milei veio com a aprovação de dois projetos de lei apoiados por 23 dos 24 governadores do país. As medidas obrigam o governo federal a repassar recursos às províncias, por meio da coparticipação nos fundos fiduciários e nas receitas provenientes do imposto sobre combustíveis. Governadores e parlamentares denunciam que a Casa Rosada vem retendo verbas essenciais para obras públicas e outros investimentos locais.
A quinta-feira terminou com um discurso inflamado de Milei, proferido durante a cerimônia de comemoração dos 171 anos da Bolsa de Valores de Buenos Aires. Visivelmente contrariado, o presidente afirmou: “Vou vetar todas as medidas e, mesmo que esses vetos sejam rejeitados, vou levar tudo à Justiça”.
As ameaças do chefe do Executivo aumentaram o clima de confronto com os governadores e parlamentares. Milei acusou os governantes locais de tentar "destruir o governo". Em resposta, senadores e deputados repudiaram o tom adotado pelo presidente e denunciaram um agravamento da instabilidade institucional.
A situação ganhou contornos ainda mais graves nas redes sociais. Após o discurso de Milei, militantes e perfis ligados ao presidente iniciaram uma onda de ataques contra os congressistas. Mensagens com teor violento circularam em massa, incluindo memes que sugeriam o bombardeio do Congresso Nacional com os parlamentares dentro.
Diante da escalada de agressões, diversos legisladores acionaram a Justiça, denunciando incitação à violência e ameaças à integridade do Parlamento. Ainda não há resposta oficial do Judiciário, mas a Procuradoria já teria iniciado uma apuração preliminar sobre os conteúdos veiculados nas redes.
O episódio revela o aprofundamento do isolamento político de Milei, que desde o início de seu mandato vem travando embates com o Congresso, os governadores, os sindicatos e até mesmo setores do Judiciário. A disposição do Senado em barrar a política de cortes sociais e de concentração de poder do presidente parece indicar uma reação institucional mais coesa à tentativa de enfraquecer o federalismo e os mecanismos de controle democrático.
Com um estilo provocador e autoritário, Javier Milei intensifica o confronto entre Poderes, em um momento de grave crise econômica e social. Ao ameaçar vetos em massa e recorrer à Justiça contra decisões legislativas, o presidente argentino desafia não apenas seus adversários políticos, mas a própria ordem constitucional do país.
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