Cristina Kirchner diz que Argentina vive na miséria e sob “terrorismo de Estado de baixa intensidade”
"Os olhos do mundo estão observando atentamente enquanto a Argentina vivencia uma genuína deriva autoritária sob a liderança do governo Milei"
247 - Em artigo publicado na rede social X na quinta-feira (3), a ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner, que se encontra em prisão domiciliar, faz um agradecimento público ao presidente Lula por sua visita e denuncia com vivacidade a situação que a Argentina está vivendo sob o governo de Milei.
“Hoje recebemos em minha casa o companheiro Lula, onde me encontro em prisão domiciliar por decisão de um Poder Judiciário que há muito deixou de ocultar sua subordinação política e se tornou um partido político a serviço do poder econômico.
Lula também foi perseguido, usaram a guerra jurídica contra ele, chegando a prendê-lo, e tentaram silenciá-lo. Não conseguiram. Ele voltou com o voto do povo brasileiro e de cabeça erguida. Por isso, hoje, SUA VISITA FOI MUITO MAIS DO QUE UM GESTO PESSOAL: FOI UM ATO POLÍTICO DE SOLIDARIEDADE.
Os olhos do mundo estão observando atentamente enquanto a Argentina vivencia uma genuína deriva autoritária sob a liderança do governo Milei, no que podemos identificar como terrorismo de Estado de baixa intensidade.
Ontem mesmo, testemunhamos como Bullrich prendeu vários companheiros. Todos eles... mulheres, jovens e ativistas. Ele fez isso a pedido de José Luis Espert, que acredita que seus oponentes merecem apenas "cadeia ou um tiro", assim como vimos em 18 de junho, quando identificaram e assediaram pessoas que marchavam até a Praça de Maio.
Custou-nos muito construir a DEMOCRACIA ARGENTINA para permitir que ela fosse desmantelada passo a passo. No entanto, essa mesma democracia está agora sendo esvaziada por dentro por um governo que se autodenomina "libertário"... mas que só concede liberdade aos mais ricos.
Podemos ver isso todos os dias em violações da liberdade de imprensa. A Repórteres Sem Fronteiras já apontou que a Argentina foi o país com o maior declínio na liberdade de imprensa no mundo — 47 lugares nos dois anos em que Milei foi presidente. E isso antes do fotojornalista Pablo Grillo ser deixado em coma por documentar a marcha dos aposentados.
E o que veio depois?... UM PLANO SECRETO DE INTELIGÊNCIA NACIONAL, AUTORIZANDO ESPIONAGEM INTERNA a qualquer um que "corroa a confiança" na narrativa oficial. E quem decide o que corrói a confiança? Caputo? Karina? Conan?
E como se não bastasse, AGORA BULLRICH QUER QUE A POLÍCIA FEDERAL POSSA MONITORAR O QUE AS PESSOAS PUBLICAM NAS REDES SOCIAIS SEM MANDADO, ALÉM DE PRISÕES PREVENTIVAS SEM NENHUM CRIME... Você está reclamando do país?... Você está zombando do governo em uma rede social?... Aí talvez a polícia bata à sua porta. Já vimos isso acontecer em outros países, e parece que eles querem importar isso também.
Essa é a deriva autoritária... Esse é o terrorismo de Estado de baixa intensidade que a Argentina está vivenciando. ELES ESTÃO TRANSFORMANDO O PAÍS EM UM EXPERIMENTO CONTINENTAL. Assim como Pinochet fez do Chile um laboratório para os Chicago Boys, hoje eles querem que nosso país seja um campo de testes para Milei e os Caputo Boys. O mesmo manual: SALÁRIOS DE FOME, PRIVATIZAÇÃO TOTAL, SUBMISSÃO ABSOLUTA AO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL.
O que completa esse quadro sombrio… é o que estamos vivenciando: a imprensa reprimida por medo do Presidente, das ordens do chefe ou da perda de publicidade; leis repressivas; líderes da oposição impedidos de pisar em suas sacadas. Tudo isso faz parte de um ataque preventivo à capacidade de organização do povo.
Principalmente em vista do QUE VEM DEPOIS DE OUTUBRO, Caputo já anunciou que a verdadeira motosserra está chegando: REFORMA DA PREVIDÊNCIA, REFORMA TRABALHISTA E REFORMA TRIBUTÁRIA.
Mas não vai dar certo para eles. E eles sabem que SE O POVO FALAR, SE SE ORGANIZAR, SE SE DEFENDER... NÃO CONSEGUIRÁ. Assim como as centenas de milhares que se mobilizaram na Praça de Maio em 18 de junho. Eram muitos para se intimidarem. E, além disso, SOMOS MUITOS DE NÓS, ARGENTINOS, PARA FICARMOS SOZINHOS, ASSUSTADOS E VIGIADOS.
PORQUE NÓS TEMOS ALGO QUE ELES NUNCA TERÃO: NÓS PRÓPRIOS. E NÓS PRÓPRIOS do tamanho e da história do povo argentino... ele não se cala nem para. Esse Nós que sempre volta. LULA PROVOU ISSO NO BRASIL, E NÓS TAMBÉM PROVAREMOS.”
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